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CAMPO & CIDADE

Farinha de Bambu

Farinha de bambu, novidade, porém nem tanto. Há um bocado de tempo está presente na culinária oriental - China e Índia - principalmente.

Do bambu, tudo se aproveita: brotos, varas, folhas. Espécie de canivete suíço. Mil e outra utilidades. Fala-se em 10 mil aproveitamentos.
Utilidades. Desde papel e celulose, moveis, artesanato, energia. E há também a linhagem de ornamentais: gracilis e multiplex, entre outras. E
na engenharia, empregado em construções e sistemas de drenagem. Excelente também para quebra-ventos, e até cercas-vivas. Bambusa
multiflex, por exemplo, aceita bem a poda, formando graciosos renques verdejados.

No Brasil há 258 espécies nativas e em torno de 80, introduzidas. E 1642 espécies foram identificadas nos cinco continentes. Portanto,
amplo é o leque na natureza. A pergunta recorrente na hora da seleção da espécie , sem dúvida, é: qual o uso pretendido. De largada,
entoucerantes ou alastrantes. Se alastrantes exigem manejo adequado, pois podem tornar-se invasora.

O manejo, obviamente, é fundamental para ambos. Na prática o mais comum é larga-los à própria sorte. Daí, com o decorrer do tempo,
tornar-se difícil remanejá-los. Portanto, antes de qualquer iniciativa de cultivo recomenda-se analisar bem as características botânicas da espécie, focando-se na finalidade desejada.

Produtores de hortaliças do Vale do Ribeira (SP) descobriam o bambu, não apenas para tutoramento de tomateiros e feijão de vagem,
mas também como quebra vento.

Hoje - 40 anos depois -, principalmente o Bambusa asper - é demandado por construtoras. Ou seja, virou uma fonte de renda
alternativa.

Uma curiosidade: toda a espécie do bambu tem um ciclo de vida definido. Algumas de dezenas de anos, outras centenas. Florando e
sementeando, secam em seguida. Essa abundância de sementes resulta no aumento dos roedores, especialmente de ratos, fato bastante comum nas regiões de taquarais. E, após o ciclo dos ratos, as cobras. Daí um certo preconceito.

Mas, cá entre nós: no interior quem não utilizou um balaio feito de taquaras. Utensílio obrigatório. No lombo dos muares abarrotados de
espigas de milho. Cenário de fartura.

Nelci Seibel, escritora, evocando esse cenário escreveu a obra primorosa: Balaio Gigante – Memórias de Família. Naquele ambiente - meio rural, na roça -, o balaio gigante protegia as crianças enquanto os pais lidavam no campo.

Sobre o bambu, talvez umas cenas mais marcantes sejam os pandas. Aqueles ursinhos malhados, uma marca da China. Aliás, as folhas
de bambu são uma excelente alternativa para cobertura do solo, inclusive agindo com bactericida.

De Apolinário Ternes - livro sobre a história da WEG –, a pérola: “Se não fossem os nós, os bambus não resistiriam às tempestades”
(provérbio japonês). Lição de vida. Lição para empreendedores de qualquer natureza.

Sobre farinha de bambu, estudos recentes apontam as características marcantes: é rica em fibras e menor teor de carbohidratos
se comparada às congêneres: trigo e milho.

Portanto, a farinha de bambu tem tudo para deslanchar. É ouro branco na cozinha, na certeza.

Joinville, 16 de março de 2024

Onévio Zabot
Engenheiro Agrônomo

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